quinta-feira, 29 de agosto de 2013

Polícia Federal prende seis pessoas em Cruzeiro do Sul por venda de abortivo

Os clientes pagavam entre R$100 e R$250 para ter acesso a um medicamento proibido, cuja venda se configura crime hediondo.

Foram presas pela Polícia Federal, durante a Operação Parcas, na madrugada desta quinta-feira (29), seis pessoas suspeitas de vender medicamento abortivo em Cruzeiro do Sul. Os clientes pagavam entre R$100 e R$250 para ter acesso a um medicamento proibido, cuja venda se configura crime hediondo.
  
Na operação, 70 agentes federais executaram seis mandados de prisão, dez de busca e quatro de conduções coercitivas, em hospitais, laboratórios e estabelecimentos comerciais.

Entre eles os detidos, está o pai de uma juíza, que é o proprietário de uma farmácia. Foram presos, ainda, o proprietário e dois funcionários de uma farmácia localizada no centro da cidade, dois servidores públicos e o dono de uma distribuidora de bebidas. Todos foram levados à delegacia da Polícia Federal na cidade, onde estão à disposição da Justiça.


A Polícia Federal começou a investigação após tomar conhecimento de uma denúncia através da imprensa, identificando várias pessoas, incluindo servidores públicos da Saúde e funcionários de farmácias, vendendo medicamentos proibidos por lei, sem nenhuma restrição.
  
Após a realização de exames periciais, os agentes da PF constataram tratar-se de comprimidos fabricados na Itália, sem registro na Agência Nacional de Saúde (Anvisa), e proibidos de serem comercializados no Brasil.
  
Além dos mandados de prisão, a PF intimou uma enfermeira suspeita de cobrar até R$ 600 para praticar abortos, além de um vereador do município deGuajará (AM) e seu irmão, acusados de induzir uma adolescente de 16 anos, grávida do vereador, a fazer um aborto.
  
Dados fornecidos pela maternidade de Cruzeiro do Sul revelam que 358 abortos foram realizados na unidade de saúde de janeiro de 2012 até junho de 2013: 94 em jovens e adolescentes com idades de 12 a 20 anos, 252 em mulheres com idade entre 20 e 40 anos, e 12 em mulheres acima de 40 anos de idade.
  
A diretora da maternidade, Fabiana Ricardo, afirma que as mulheres já chegavam ao local com o aborto realizado.
  
"Todas essas mulheres chagavam com sangramentos; o bebê já tinha sido abortado. O que não podemos afirmar é como o aborto aconteceu, tendo em vista que elas diziam que caíram ou tiveram algum desentendimento com o companheiro", diz.
  
Crime hediondo
  
Segundo o delegado de Polícia Federal, Mílton Rodrigues Neves, que coordenou a operação, ‘a comercialização, exposição à venda, ou guarda em depósito para vender ou de qualquer outra forma distribuir ou entregar medicamento de origem estrangeira e sem registro na Anvisa’, é considerado crime hediondo, sujeito a pena mais severa que as previstas para o tráfico de drogas: de 10 a 15  anos de reclusão. 
  
Ele afirma, ainda, que a prática do aborto é considerada crime hediondo e que quem auxilia a gestante, induzindo ou pagando para que o aborto aconteça, comete o mesmo crime. Previsto no artigo 124 do Código Penal, a pena, nestes casos, é de detenção de até três anos.
  
O nome 'Parcas', com o qual foi batizada a operação, é em referência a três deusas da mitologia relacionadas a gravidez humana, de acordo com a PF.
  
"Nona tece o fio da vida no útero materno, até a nona lua; Décima representa o nascimento efetivo, o corte do cordão umbilical, o início da vida terrena, o indivíduo  definido, a décima lua. Morta é a outra extremidade, o fim da vida terrena, que pode ocorrer a qualquer momento", explica o delegado.
  
Durante a investigação, a PF identificou pontos de vendas, assim como vendedores ambulantes.
  
Em algumas farmácias, os medicamentos não eram guardados nas prateleiras por medo da fiscalização; em outras, eram escondidos no interior da farmácia, e sacados para fora depois da venda concretizada junto ao cliente.


Com informações do G1/AC.

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