quarta-feira, 3 de julho de 2013

Perpétua denuncia falhas no programa de Habitação Rural


Das 3.500 famílias cadastradas no programa, apenas 5 foram contempladas.

O programa Minha Casa, Minha Vida foi instituído pelo governo federal através da Lei 11.977 de 2009. Ele integra o PNHU (Programa Nacional de Habitação Urbana) e o PNHR (Programa Nacional de Habitação Rural).

O Acre começou a se mobilizar para participar da Habitação Rural a partir do mes de fevereiro de 2013, por iniciativa da deputada federal Perpétua Almeida (PCdoB).

Apesar da promessa de ''menos burocracia'', que previa até construções em regime de mutirão e possibilidade de construção de várias casas em uma mesma área, permitindo que filhos que tivessem constituído família, mas que trabalhassem na propriedade dos pais fossem beneficiados, é exatamente a burocracia que emperra a execução do programa.

Até o momento apenas 5 casas do PNHR foram construídas em todo o estado. Elas estão localizadas na zona rural de Sena Madureira.

Colonos e ribeirinhos revoltados afirmam que a propaganda do governo federal é mentirosa.

Só na área rural de Rio Branco,mil famílias se cadastraram para construir suas moradias

No Vale do Juruá, onde 700 famílias se cadastraram, e mesmo com toda a documentação fotocopiada esbarraram na exigencia de titulação das áreas.

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'' É um absurdo exigir título definitivo de posseiros. 90% dos trabalhadores rurais do Juruá são filhos e netos de posseiros que já morreram. Eles herdaram as áreas, mas só possuem documento de compra e venda. A saída seria aceitar documento do Sindicato reconhecendo a posse, mas isso não é feito porque temem o fortalecimento político do STR'', desabafa o presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Cruzeiro do Sul, João Silva Nascimento, conhecido na região pelo apelido deTodo Feio.

O presidente da Fetacre, Manoel Cumaru que fala por todos os trabalhadores rurais do estado, também questiona a condução do programa. Segundo ele, dos 40 mil trabalhadores rurais o Acre, apenas 3% possui título definitivo. Um percentual compatível com a situação do estado onde 80% das terras ainda são áreas da União. ‘’Para a Caixa o programa só é válido se a terra for documentada, tiver contrato de comodato ou declaração e posse mansa e pacífica, escritura pública ou título definitivo registrado em cartório há mais e 5 anos. Essa não é a nossa realidade. Não vai funcionar'’, esclarece ele.

Por conta da exigencia de titulação, apenas as comunidades indígenas, moradores das reservas são contemplados.

Informada da situação, a deputada Perpétua Almeida, convocou uma reunião neste final de semana, que contou com a presença de mais de 30 lideranças sindicais rurais de todo o estado. A reunião foi realizada na Fetacre.

Indignada com os relatos sobre as dificuldades a parlamentar comunista vai levar o caso ao conhecimento do ministro da Justiça Eduardo Cardozo, ao qual o programa de habitação é vinculado.

''A Seaprof se omite, o Incra se omite e a Caixa exige. Desse jeito, nunca vamos conseguir beneficiar o homem do campo. Parece-me que a presidenta Dilma vai numa direção e essas instituições em sentido contrário'', reclamou Perpétua.

A comunista está propondo que o legislativo estadual convoque o Iteracre, a Seaprof, o Incra e o Terra Legal para que expliquem os motivos da negligencia e exijam uma atuação condizente com as necessidades do estado.

‘’Fiquei estarrecida com o que ouvi. Os sindicalistas me disseram que por conta da existencia do PNHR, foram travadas as ajudas de custo para a construção de moradias. Está tudo parado e o trabalhador rural não tem auxílio e lado nenhum. É hora de uma força-tarefa para obrigar esse programa ser executado'’, concluiu Perpétua.

(ASSESSORIA)

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