quarta-feira, 10 de julho de 2013

Greve da Educação, mais um capítulo do inferno astral vivido por Sebastião Viana

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O inferno astral vivido pelo governo Sebastião Viana, que começou no dia 10 de maio com a prisão de membros do primeiro escalão do governo e empreiteiros ligados ao PT, durante a Operação G-7, parece não ter fim e ganhou um novo capítulo que já dura 15 dias: a greve dos servidores da Educação Estadual.
Sindicato e governo já sentaram nove vezes durante o período da paralisação, mas não conseguem se entender. A classe não abre mão de suas reivindicações e o governo diz que não pode cumpri-las integralmente, pelo menos este ano.
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São 20 itens na pauta de reivindicações, mas existem as quatro principais, segundo o presidente do Sindicato dos Servidores da Educação do Estado Acre, João Sandi. A que pede equiparação salarial dos professores provisórios com os efetivos, o que representaria um aumento de 20% nos salários dos temporários; reenquadramento, que beneficia 1.256 mil servidores do setor; a chamada puladinha de letra extra e 15% de reajuste salarial, proposta considerada o maior entrave das negociações, já que o governo resiste e diz que só pode conceder o benefício no ano que vem. As outras reivindicações, o governo promete atender.   

Durante toda a manhã desta terça-feira, os servidores voltaram à frente da Assembleia Legislativa, onde durante essas mais de duas semanas de braços cruzados eles deliberam sobre as pautas do movimento. Mais uma vez decidiram continuar em greve. Enquanto isso, na Secretaria de Educação, o chefe da pasta, Daniel Zen, avisava que está aguardando uma nova proposta do movimento. “A gente ta aguardando os sindicatos, que ficaram de apresentar nova proposta. Queremos atender agora e sentar em novembro para discutir as pautas”, disse através de sua assessoria.
No Estado existem 16 mil servidores da Educação. Nos cálculos do comando de greve 12 mil cruzaram os braços. No interior do Acre a paralisação é geral. “Nos municípios todas as escolas fecharam. Ninguém está trabalho e pessoal ouviu o chamado. Em Rio Branco ainda há escolas abertas”, diz Valdir França, membro do movimento, que trabalha na Escola Airton Sena, na Baixada da Sobral.
Em Rio Branco, dos 12 mil servidores do setor, pelo menos 60% estão em greve. As grandes escolas como: Colégio Acreano, Colégio Estadual Barão do Rio Branco – (CEBRB) e Rodrigues Leite estão paradas.
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Na escola Mário de Oliveira, uma das mais tradicionais da capital, no Bairro Cerâmica, somente o vigia estava trabalhando nesta terça-feira.
Por outro lado, escolas como a Georgete Eluan Kalume, na Cadeia Velha, e Humberto Soares da Costa, no bairro José Augusto, continuam suas atividades. Mas nesta quarta-feira, os servidores desses estabelecimentos serão convidados pelo comando de greve a se unir ao movimento.
Pais divergem sobre greve e temem por ano letivo
Se por um lado é justo que o professor seja bem remunerado e use a paralisação como instrumento para pressionar o governo, por outro os alunos da rede pública de ensino, que nem sabem se terão as férias de final de ano, ficam prejudicados.
Os quatro filhos do pedreiro Manoel Lira estudam em escolas públicas. Dois na escola Joelma e outros dois na Escola Pedro Martienelo, no bairro Montanhês. As duas instituições não estão funcionando. Para o pedreiro a greve é justa. “É correto eles fazerem a greve para reclamar um direito que é deles, até porque um professor ganhar muito pouco e governo já devia ter atendido essas reclamações para que não fosse preciso uma greve”, disse.
Já a dona de casa Francineide Batista é contra a paralisação. O filho dela mais velho e ela estudam no Instituto Lourenço Filho. “Não sou a favor não. Só Deus sabe quando é que as aulas vão acabar agora. Porque as minhas, por exemplo, estavam marcadas para terminar em outubro e agora…”, diz.
Deputados da base e da oposição são a favor da greve
Pelo menos em relação à paralisação da Educação, deputados da base do governo e de oposição têm a mesma opinião.
O líder da oposição na Assembleia Legislativa, deputado Major Rocha (PSDB), diz que o governo não tem tratado a Educação como ela merece. “O governo tem tratado a Educação na base do improviso. A Lei Complementar que trata sobre o provisório, ela diz que esse trabalhador tem que ser contratado somente em casos excepcionais, e o governo tem feito a Educação de caso excepcional há 16 anos”, diz o tucano.
O deputado Edvaldo Souza (PSDC) afirma que professor deve ser mais bem remunerado. “Os trabalhadores fazem as suas reivindicações e essas reivindicações devem ser analisadas. Os professores são os profissionais que formam as outras profissões, como tal devem ser olhados de forma diferente. Eu particularmente acho que o salário do professor deve ser melhorado”.
A peemedebista Antônia Sales critica o governo e lembra que além dos baixos salários do setor educacional as escolas carecem de melhor estrutura.
“O governo precisa atender as necessidades da Educação. Nós temos hoje escolas em situação de calamidade. Sem falar nos salários, que eles reivindicam. É justo o que eles pedem. O professor, o trabalho do setor de apoio precisa ser valorizado”, acrescenta Antônia Sales.
Já o governista Eduardo Farias acredita em iminente consenso entre o movimento e o governo. “Eles estiveram aqui com a gente. Nós estivemos lá, num momento, no primeiro dia da greve. Eles estão em negociação com o governo. Acho que o mais importante é que eles estão em negociação e que estão sendo ouvidos. Acredito que entrarão num consenso”, conclui o deputado PC do B.
Texto e fotos – Luciano Tavares – da redação de ac24horas
lucianotavares.acre@gmail.com

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