terça-feira, 17 de novembro de 2015

Farinha de CZS poderá ser o 1º produto com indicação geográfica da Amazônia, dizem pesquisadores

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Pesquisadores da Empresa Brasileira de Pesquisas Agropecuária (Embrapa), com apoio de técnicos do governo estadual, do Serviço de Apoio à Pequena e Média Empresa (Sebrae) e historiadores, realizaram uma pesquisa e concluíram que a farinha de Cruzeiro do Sul pode se tornar o primeiro produto da Amazônia a possuir, na modalidade procedência, o selo de Indicação Geografia (IG).
O selo qualifica produtos e serviços por apresentarem características genuínas que os vinculam à região de produção. A farinha constitui um dos principais derivados da mandioca, apresentando particularidades em função da cultura local e do acesso às tecnologias. O relatório foi entregue ao chefe-geral da Embrapa/Acre, Eufran Amaral.
De acordo com o pesquisador Francisco de Assis Correa Silva, o objetivo do trabalho foi demonstrar o potencial de IG da farinha de mandioca. Segundo ele, realizou-se uma análise bibliográfica sobre IG’s, revisão de questionários e resultados de pesquisas realizadas pela Embrapa e Central das Cooperativas de Produtores Familiares do Vale do Juruá (Central Juruá).
“A farinha de Cruzeiro do Sul apresenta sabor diferenciado, levemente adocicado e textura granulada. O produto é classificado como do subgrupo “bijusada”, classe amarela e tipo único”, assim concluíram os pesquisadores.
A construção do dossiê para pedido da Indicação Geográfica para a farinha de Cruzeiro do Sul iniciou há sete anos e foi entregue em outubro. O projeto é coordenado pela Central Juruá, que conta com mais de 300 famílias produtoras associadas. O processo conta com o apoio do Sebrae, Embrapa, Superintendência Federal da Agricultura (SFA/Mapa) e Secretaria Estadual de Extensão Agroflorestal e Produção Familiar (Seaprof).
“A parceria com esses órgãos foi fundamental para chegarmos até aqui. Temos certeza que nossa solicitação de registro será aceita e breve poderemos usufruir dos benefícios desse diferencial”, diz Germano Silva Gomes, presidente da cooperativa.
A tradicional farinha de mandioca, produzida artesanalmente no Juruá, ficou conhecida pela sua qualidade como “Farinha de Cruzeiro do Sul”. Para obter o selo, o produtor rural deve associar padrões de qualidade às características geográficas e culturais de uma dada região, além de proteger o processo tradicional de fabricação do produto.
A pesquisa também concluiu que a IG traz vários benefícios econômicos e sociais para os produtos amazônicos e suas comunidades, principalmente a valorização do produto no comércio, possibilitando a melhoria do preço de venda e a agregação de valor.
Diagnóstico do produto na região
A farinha de Cruzeiro do Sul é um produto regional, artesanal, sendo fabricado em 84% dos casos em casas de farinha caracterizadas pelo baixo nível tecnológico e controle de qualidade. Apesar disto, tem grande valor cultural e contribui para a garantia da segurança alimentar das famílias da região, além de ser o principal produto agrícola da regional Alto Juruá, Estado do Acre.
O agronegócio da farinha apresenta uso intensivo de mão de obra familiar no cultivo da mandioca no campo e no processamento que demanda cerca de 70% da mão de obra. A área plantada com mandioca na região tem se expandido por causa das exigências ambientais de restrição do uso do fogo, ataques da praga mandorová, dentre outros fatores que afetam negativamente a produção de mandioca.
O preço da saca ao agricultor varia em função sazonalidade da oferta, dos custos do transporte, do mercado atacadista e da qualidade do produto. Os principais destinos são: local (5%); sub-regional – sudoeste amazônico (25%); e regional I, principalmente, Manaus (70%). A pavimentação da BR-364, entre Rio Branco e Cruzeiro do Sul, beneficiou os agricultores, pois eles têm potenciais compradores para escoamento por via terrestre.
JORGE NATAL, DA CONTILNET

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