quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

TERRA INDÍGENA COLÔNIA 27: Recebendo o Prêmio Chico Mendes com merecimento.

Cacique Assis Txanamashã recebendo o prêmio
Foto: Edegard De Deus
No dia em que, se estivesse vivo, completaria 69 anos de idade houve, em frente ao Palácio Rio Branco mais uma edição do Prêmio Chico Mendes. de Florestania em reconhecimento aos que realizaram trabalhos em prol do meio ambiente.

Neste ano o prêmio foi dividido em três categorias: Comunitária, Origem Estadual, Origem Nacional ou Internacional.

Na categoria Comunitária, o prêmio foi dividido entre a Comunidade Porongaba e a Organização de Agricultores Kaxinawá da Terra Indígena Colônia 27, por suas atividades econômicas de respeito à floresta e verdadeiras práticas de desenvolvimento sustentável.

A Terra Indígena colônia 27 começou a ser formada no ano de 1972, com a chegada de três famílias Kaxinawá. O então prefeito de Tarauacá nessa época doou um pedaço de Terra nas margens do igarapé 27 (chamado de Pinuyá pelos Kaxinawá) e ali foi fundada a aldeia Pinuyá. Em 30 de outubro de 1991, a Terra Indígena colônia 27 foi demarcada e homologada com 105 hectares de extensão. No ano de 2002, mais 200 hectares foram comprados pelo Governo do Estado do Acre e acrescidos ao território com medida mitigadora, através do Plano de Mitigação da BR 364.
Vista da área principal da TI Colônia 27 - Foto: Ramalho Martins
Esta terra indígena  é a menor do Acre, possuindo uma extensão total de 305 hectares, localiza-se a 5 quilômetros do município de Tarauacá e seu acesso dá-se por via terrestre, pelo Ramal Epitácio pessoa. Esta terra que está na incidência dos impactos da BR 364 possui alguns problemas como a pouca quantidade de recursos naturais, sendo a questão da água o principal problema, pois esta terra não possui nenhum rio, somente açudes e um igarapé. Sua área está rodeada de fazendas e o acesso terrestre é bastante complicado durante o período de inverno que deixa o ramal praticamente intrafegável. 

Apesar de todas as dificuldades esta comunidade destaca-se pela constante busca de transformar sua terra num espaço salubre e ambientalmente equilibrado pois, devido ao pequeno espaço de terra que possuem, a limitação para a produção agrícola e a manutenção do meio ambiente são desafios constantes.

Neste ano de 2013 destacaram-se pela produção de banana onde o excedente foi vendido para o governo do estado, vindo a abastecer os mercados da capital.

Destaca-se, ainda, o engajamento político das lideranças locais, destacando-se o prof Assis Txanamashã Kaxinawá e o grande cacique Manoel Gomes Maná Kaxinawá. Este último, bastante cotado para ser o representante do movimento indígena na assembléia legislativa estadual.

É uma comunidade bastante receptiva que procura receber da melhor maneira possível. Qualquer visitante é tratado com muito respeito, e tem a oportunidade de tomar um rapé forte, participar de uma sessão de  nixi pae (cipó-ayuasca) e ouvir os ensinamentos dos antigos através das canções tradicionais dos antepassados e das novas canções (em português) cantadas pelos mais jovens.

Alguns projetos vem sendo desenvolvidos pelo governo do estado, FUNAI e SESAI nesta comunidade, destacando-se: projeto de casas populares indígenas, sistema de abastecimento e saneamento, projeto de vigilância, reflorestamento, criação de peixes,  entre outros. Também cita-se a construção da "arena" onde são realizadas as festas tradicionais e demais datas comemorativas. A comunidade também possui uma "casa de artesanato" onde os artesãos, em sua maioria mulheres, fazem tecelagem, pulseiras, cordões e outros adereços bastante apreciados pelos nawa (não-índios).
Mulheres tecendo na "casa de artesanato" - Foto: Ramalho Martins
Entre as personalidades premiadas neste dia tivemos o querido Txai Macêdo, que encontra-se na luta pela sua saúde. Força txai!

Foi um reconhecimento merecido.

Parabéns aos parentes da TI Kaxinawá da Colônia 27.

Neste ano de 2013 completa 25 anos que o seringueiro Chico Mendes foi assassinado e hoje, 16/12/2013, a presidenta Dilma Rousseff sancionou a Lei 12.892, declarando o seringueiro patrono nacional do meio ambiente.

Por Jairo Lima
Indigenista Especializado

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