sexta-feira, 18 de outubro de 2013

Cultura indígena é desprezada em discurso fundamentalista de Denílson Segóvia


O pastor/deputado Denílson Segóvia (PEN) usou a tribuna na Aleac, na manhã desta quinta-feira (17), para se posicionar contra a preservação da cultura indígena nas aldeias do Acre. O parlamentar acredita que os costumes antigos dos índios preservam o infanticídio, a pedofilia e seria um atraso para as aldeias.
Num discurso fundamentalista, Segóvia defende a evangelização dos índios e denuncia que a Funai estaria proibindo a permanência de missionários nas aldeias do Alto Purus. Os índios estariam deixando de participar de rituais da cultura tradicional incentivados por líderes evangélicos.
O parlamentar considera que a cultura do infanticídio não prevalece nas aldeias evangelizadas. “Antropólogos da Funai fizeram várias festas e cerimoniais e notaram a ausência de muitos índios no complexo do Purus. As aldeias foram alcançadas pelas igrejas evangélicas”, firma Segóvia.
Demonstrando desprezo pela preservação dos rituais tradicionais indígenas, Denílson Segóvia disse que “os indígenas do Alto Purus não seguem mais os padrões tradicionais das festas indígenas. A Funai notificou os missionários que só podem visitar as aldeias apenas por três dias”.
Denílson Segóvia acredita que os costumes indígenas “são culturas destruidoras da moral, da cultura da bebedeira, do alcoolismo, da pajelança. Os missionários mostraram que a cultura agora é de trabalhar e construir, explorar a terra racionalmente. A cultura nova e civilizada que estão aprendendo com a bíblia”.
Segundo Denílson Segóvia, as festas frequentadas atualmente pelos índios são os cultos aos domingos. “Mais de 500 indígenas foram evangelizados e batizados nas águas, fruto, inclusive do trabalho dos missionários. Tirar os missionários das aldeias é um atraso”, protesta o pastor/deputado.
O deputado finaliza seu discurso afirmando que o governo do Acre também estaria oferecendo “uma grande revolução cultural, através do trabalho. Índio tem que trabalhar, índio tem que construir seu açude, índio tem que saber fazer seu poço e não usar cacimba coletiva. Que os antropólogos da Funai levem este atraso para bem longe do Acre. Nós condenamos a cultura do infanticídio, da pajelança e da pedofilia que faz parte da cultura tradicional dos índios”.
Ray Melo, da redação de ac24horas - raymelo.ac@gmail.com

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