quarta-feira, 16 de outubro de 2013

A falência do setor do turismo que nem chegou a existir no Acre

A falência do setor do turismo que nem chegou a existir no Acre

Em tom de surpresa, li ontem a notícia de que os empresários do turismo estão descontentes com a falta de políticas públicas para o setor, no Acre. Confesso que não foi surpresa a queixa deles, e sim o tempo que levaram para se manifestar e para concluir que este não é um assunto que interesse ao governo.

Foram lentos em perceber e mais lentos ainda em colocar a boca no trombone.

Entendo a demora em criticar e o empenho aplicado na diplomacia de esperar pela boa vontade do governador Tião Viana (PT) que poderia, quem sabe, um dia atentar para os necessários investimentos para um setor que no Acre agoniza seus últimos momentos de uma vida que nem chegou a existir.

Os empresários demoraram a admitir a crise inegável porque mantinham a esperança acesa de que pudessem ser atendidos com os favores do governo. Perderam tempo e senso de oportunidade. Deveriam ter desistido dessa vã esperança há cerca de 60 dias, quando o governador Tião Viana entendeu que políticas públicas para o setor cambaleante do turismo eram menos importantes que a divulgação e o marketing.

O fim da linha foi quando o governador resolveu acoplar a Secretaria de Turismo à de Comunicação do Estado. Deveriam ter admitido, ainda naqueles dias em que Leonildo Rosas assumiu as funções de secretário de Turismo, que não havia esperanças de políticas públicas eficazes e que o máximo que iriam conseguir era assistir a um ou outro comercial de um Acre surreal.

Afinal de contas, este é o papel do secretário de Comunicação.

Confesso que ao ler a nota dos empresários de turismo, mal disfarçada de matéria jornalística, achei especialmente interessante a expressão “desalinhamento do setor”. De acordo com uma busca rápida no Google, o pai dos novos sabichões do mundo, se constata que desalinhamento quer dizer afastar, desviar ou tirar do alinhamento.  Desarranjar, desordenar.  Desadornar, desataviar, desenfeitar.

Portanto, a menos que queiram discutir com o dicionário online, eu recomendo aos empresários descontentes que escolham outra palavra mais emblemática para definir o momento agonizante do setor, afinal de contas, vai faltar qualquer coisa neste setor, menos enfeite.

Enfeites, ornamentos e fotos posadas são o que fazem viver o setor. Disto e da conivência dos empresários que se calam e saem correndo ao menor aceno de simpatia do governador. Tudo o que não faltará ao turismo é aplicação do marketing surreal.

Nada de eficaz foi feito pelo desenvolvimento do turismo no Acre e não vejo perspectivas de que possa ser feito. Vejam bem que não foi por falta de caminhos. As rotas de turismo traçadas pela Secretaria de Turismo e Lazer do Acre foram tão ineficazes quanto ilusórias.

Caminhos foram o que não faltaram, mas sem jamais chegar a algum lugar. Foram Caminhos de Chico Mendes, Caminhos da Revolução, Caminhos da Aldeia e da Biodiversidade. Todos levaram o turismo do Acre ao mesmo lugar: nenhum.

E o que dizer do Etnoturismo, Ecoturismo e tantos outros temas sobre os quais nunca se entendeu muito bem o conceito?

Hoje é o dia das confissões e confesso, mais uma vez, que fico mesmo com vontade de morar neste ‘estado do ecoturismo dos irmãos Viana’, mesmo que o secretário de Turismo entenda tanto de políticas para o setor quanto eu de culinária. É gente, tudo o que sei fazer na cozinha é omelete, mas gosto mesmo é de publicar fotos no Facebook como grande moça da gastronomia mundial. Vale a pose, não é?

Gina Menezes é jornalista e colunista política

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