GRUPO DE TEATRO HIWE
XINÃ BENI BIRÃTI
Formado em fevereiro de
2013, na Aldeia Pinuya, a partir do interesse do Pajé Kupy Afonso Huni Kuĩ em
passar adiante o conhecimento que adquiriu com seus pais, com seu povo e com a
floresta. O Grupo tem como sua principal fonte de estudo as histórias, os cantos,
danças, desenhos, os costumes, os trabalhos e toda cultura material e imaterial
que pertence a essa comunidade.
O povo indígena
Kaxinawá, que se autodenomina Huni Kuĩ (gente verdadeira), vive distribuído em
diversas regiões do Estado do Acre e no Peru. Atualmente no Acre os Huni Kuĩ se
encontram distribuídos em 12 (doze) Terras Indígenas, com 87 aldeias,
localizadas nos Vales do Purus e Juruá, com uma população de aproximadamente 10
mil Huni Kuĩ o que os torna o povo indígena mais populoso do Estado do Acre. A
cultura é riquíssima e bastante preservada até hoje, através da língua Hãtxa
Kuĩ (língua verdadeira) e das inúmeras cantigas e histórias de nosso povo, além
da tecelagem, miçangas, cerâmica, etc.
A Terra Indígena colônia
27 começou a ser formada no ano de 1972, com a chegada de três famílias Huni
Kuĩ que vieram de outras regiões do Estado em busca de melhores condições de
vida. Após muitos anos de luta para o reconhecimento da Terra, em 30 de outubro
de 1991, a Terra Indígena colônia 27 foi demarcada e homologada com 105
hectares de extensão. No ano de 2002, mais 200 hectares foram comprados pelo
Excelentíssimo Governador do Estado do Acre e acrescidos ao território com
medida mitigadora, através do Plano de Mitigação da BR 364. Atualmente, esta é
a menor Terra Indígena do Estado do Acre e da Amazônia Legal, com apenas 305
hectares de extensão, localizada a 8 (oito) quilômetros e 100 (cem) metros da
sede do município de Tarauacá, na área de impacto direto da BR 364, no trecho
que liga Tarauacá ao Município de Rodrigues Alves e Cruzeiro do Sul.
O Pajé Kupy Afonso Huni Kuĩ, hoje com 74 anos de idade,
nasceu no tempo das correrias, onde os indígenas eram mortos por esporte,
outros tantos eram pegos e marcados a ferro quente com o nome de quem os
“amansou”, como foi o caso de seu pai que teve que trabalhar nos seringais.
Mesmo impedidos de falar na sua língua e praticar sua cultura abertamente, os
conhecimentos foram passados de pai pra filho e, esse patrimônio, o Pajé considera
que pertence a todos Huni Kuĩ e que portanto não pode ficar guardando pra si.
Kupy Afonso é um verdadeiro Pajé, reconhecido por todo o povo Huni Kuĩ, sendo
considerado um dos poucos que nasceram com preparo para lidar com esse
conhecimento e um dos últimos que tem autoridade para utilizá-lo, através das
medicinas, das músicas, das histórias.
Para dar início ao grupo foi escolhida a
história YUBE NAWA BUSHKA ou O SURGIMENTO DA LUA. Muitos hoje em dia olham para
o céu à noite, no período da lua cheia e pensam ver São Jorge em seu cavalo,
mas na verdade aquela mancha que vemos na lua é a marca da mão de uma mulher no
rosto de seu irmão ao tentar descobrir quem era o homem que se deitava com ela
todas as noites enquanto dormia. Esta história mantém a relação da lua com os
ciclos da mulher, marcando o surgimento da menstruação.
O nome do Grupo, Hiwe Xinã Beni Birãti, que pode
ser traduzido como “levantar o pensamento”, foi dado pelo Pajé pois acredita
que esse grupo ao pesquisar a cultura e apresentar irá fazer o pensamento
caminhar, mantendo vivo o seu conhecimento e a cultura do seu povo.
Para trazer a cultura tradicional para uma
nova linguagem sem perdermos o fundamento, neste espetáculo optamos por
trabalhar de forma mista com a contação de histórias feita pelo Pajé e sua
esposa como antigamente, com vídeo mostrando imagens da aldeia e da floresta e
com teatro, trazendo no corpo, no canto e na fala a força do povo Huni Kuĩ.
O
Grupo apresenta sua história em Hãtxa Kuĩ, sua fala verdadeira, sendo a
tradução para o português legendada no telão, exercendo o direito de falar na
sua própria língua após muitos anos de proibição e posterior discriminação que
ainda encontramos em muitos locais até hoje.
Como
diz Kupy Afonso, estamos buscando o conhecimento na raiz e levando às folhas,
esperando que talvez em breve, por esse mundo à fora, quando olharem a lua à
noite, as pessoas lembrem da história de Yube Nawa Bushka, o homem que ousou
mexer com a própria irmã.
FICHA TÉCNICA
Espetáculo de Teatro de Rua para ser apresentado à
noite
Duração: 40min
Espaço: área de 6m x 6m aproximadamente
Direção Geral do Grupo: Kupy Afonso Huni Kuĩ
Direção da Pesquisa: Ibã Terri Martins
Direção de Cena e Produção: Anelise Garcia
Assistência de Produção: Andreliana Coelho
Texto: o Grupo
Caracterização: o Grupo
Técnica: Ibã Terri Martins
Contra-regragem: Skãti
Assessoria de tradução: Mana Manuel Gomes
Apoio: Same Amanda Martins
Atuação
· Huni Ewa: Kupy Afonso Huni Kuĩ
· Aĩbu
Ewa: Same Katarina Martins
· Yube:
Ibã José Manduca da Silva
· Irmã:
Ayani Francisca da Silva
· Cunhado mais novo: Bina Pedro da Silva
· Bãkunawa
1: Yube José Celeste
· Bãkunawa 2: Ibã Edes Martins
Veja Mais: teatropinuya.blogspot.com.br
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