A farinha está cara porque
a macaxeira sumiu das plantações. A Secretaria de Agricultura e Floresta de Rio
Branco avalia que dos mil produtores ribeirinhos da zona rural da Capital
apenas 30% tiveram acesso ao crédito e reposição da lavoura após a alagação
2011/2012.
Sem capital de giro e sem estrutura para renovar o
plantio, a oferta de macaxeira despencou. Com a oferta rareada, o preço começou
a oscilar. Nos três primeiros meses, o setor supermercadista foi usando o
estoque. Mas, em abril, não deu para segurar mais.
O preço disparou. O fardo de 25 quilos saltou de R$ 70
(em média) e passou a oscilar entre R$ 125 e R$ 140. Uma variação de preço que
flutua entre 78,57% a 100%. Há muito tempo o mercado não assistia a um fenômeno
como esse. O setor supermercadista contabilizou quatro altas no último mês.
Ano passado, a secretaria organizou um mutirão para
beneficiar o máximo de macaxeira. “Foi um adjunto que acabou garantindo a
oferta do produto e dando uma equilibrada no preço”, lembra o secretário de
Agricultura e Floresta de Rio Branco, Mário Jorge da Silva Fadell.
Junto com o Estado, a Prefeitura de Rio Branco
conseguiu repor 1/3 da safra com o Programa de Mecanização Agrícola na área
ribeirinha, apontada na ocasião como prioridade, justamente pelo socorro ao
pequeno agricultor que via o produto do seu esforço e trabalho apodrecer
debaixo da terra enlameada pelas águas do Rio Acre.
Problema está na produção,
afirma empresário
A Secretaria de Agricultura e Floresta de Rio Branco avalia que são três
fatores básicos que contribuem para o problema da escassez do produto no
mercado. O primeiro já foi relatado: a alagação.
O segundo é uma consequência do primeiro: a dificuldade
de acesso ao crédito após o desastre natural. O Governo Federal, na época
acenou com uma ajuda de R$ 80 milhões para socorrer a produção ribeirinha.
“Mas, aí, um novo problema se apresentou: a
burocracia”, afirma o secretário. Muitas vezes, sem documentação da terra, com
documentos pessoais irregulares, restrições bancárias, sem licença ambiental o
agricultor ribeirinho viu a ajuda escorrer rio abaixo. “entre mil, cerca de 300
tiveram acesso”.
O Governo Federal não tem um tratamento diferenciado
para problemas dessa natureza. Segue o protocolo e, enquanto isso, o produto e
o comércio contabilizam prejuízos.
Ainda de acordo com a Secretaria de Agricultura e
Floresta de Rio Branco, o terceiro fator é a comercialização: em busca de maior
rentabilidade, os produtores e associações conseguem clientes com melhor
disposição para pagar fora do Acre. Ao longo da BR-364, muitos abastecem parte
do mercado rondoniense. E no Juruá, os produtores buscam abastecer Manaus.
A saída pelas duas pontas do Acre faz contribui para
rarear a farinha na Capital. “Aqui, hoje, há muita farinha de Sena Madureira e
Bujari”, afirma o secretário Fadell.
Um dos proprietários da maior rede de supermercados do
Acre, Ádem Araújo assegura: “é um problema de produção”. Com presença também na
capital Porto Velho, a rede Araújo já avaliou importar farinha de outras
re-giões. Mas, recuou diante da qualidade ruim e o preço pouco atrativo.
A seca forte no Nordeste também é outro fator que
contribui para o sumiço da macaxeira. Na Bahia, um dos maio-res produtores do
país, a situa-ção também é dramática.
Em Cruzeiro do Sul, há duas semanas, uma balsa estava programada para sair com
destino a Manaus carregada com 300 toneladas de farinha. Teve que se contentar
com apenas 50 toneladas. Era o que tinha.
Casas de farinha precisam ser
ampliadas
O projeto 120 Casas de Farinha, de autoria do então senador Tião Viana precisa
ser revisto. O Acre Economia já mostrou em edições anteriores que em algumas
regiões (Plácido de Castro) as casas estão praticamente abandonadas.
Em Rio Branco, a situação é a oposta. Nas 10 casas de
farinha beneficiadas pelo programa, a prefeitura avalia que precisa ser
duplicada a capacidade operacional. Quando não há problemas de escassez devido
à alagação, a produção fica abaixo do ideal porque o tamanho das casas de
farinha está pequeno.Leia Mais
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