Condenado a uma pena intermediária por homicídio
qualificado, o goleiro Bruno Fernandes de
Souza deve cumprir a pena em regime fechado até meados de 2017, quando pode
requerer o direito ao benefício do semiaberto --cerca de dois anos depois de
Luiz Henrique Romão, o Macarrão, também poder obter o benefício.
Para requerer o regime semiaberto, Bruno deve
cumpriri 2/5 da pena para o crime de homicídio (cerca de 6 anos e nove meses).
Como já cumpriu quase dois anos e nove meses de pena, Bruno pode requerer o
semiaberto em pouco mais de quatro anos. Ou antes, se trabalhar e tiver bom
comportamento.
Já Macarrão deve cumprir a pena até meados de 2015
para requerer o direito a trabalhar fora da prisão, retornando à noite.
"Acho que ele deve acabar cumprindo uns três
anos e seis meses no fechado", afirma o ex-juiz e criminalista Luiz Flávio
Gomes, que considerou que a pena de Bruno foi menor do que o esperado.
"Foi, comparando com a de Macarrão. Foi baixa. A Promotoria tem chance de
reverter isso no Tribunal de Justiça no julgamento da apelação", afirma.
Segundo ele, um dos motivos para a pena baixa foi
que a juíza Marixa Fabiane interpretou as palavras de Bruno como confissão,
reduzindo em três anos sua pena total. "Entendo que tecnicamente não foi
uma confissão. Isso também pode ser questionado no recurso", completa.
Condenação
O júri
popular formado por cinco mulheres e dois homens condenou no início da
madrugada desta sexta-feira (23), no Fórum de Contagem,
em Minas Gerais, o réu Bruno Fernandes de Souza a 22 anos e 3 meses pelo
assassinato e ocultação de cadáver de Eliza Samudio e
também pelo sequestro e cárcere privado do filho Bruninho. Dayanne Rodrigues,
ex-mulher do jogador, foi absolvida da acusação de sequestro e cárcere privado
do bebê.
Bruno foi
condenado a 17 anos e 6 meses em regime fechado por homicídio triplamente
qualificado (por motivo torpe, asfixia e uso de recurso que dificultou a defesa
da vítima), a outros 3 anos e 3 meses em regime aberto por sequestro e cárcere
privado e ainda a mais 1 ano e 6 meses por ocultação de cadáver. A pena foi
aumentada porque o goleiro foi considerado o mandante do crime, e reduzida pela
confissão do jogador.
Eliza
desapareceu em 2010 e seu corpo nunca foi achado. Ela tinha 25 anos e era mãe
do filho recém-nascido do goleiro Bruno, de quem foi amante. Na época, o
jogador era titular do Flamengo e não reconhecia a paternidade.
O advogado
Lúcio Adolfo, que representa o atleta, disse que recorrerá da condenação. O
promotor Henry Wagner Vasconcelos de Castro afirmou que esperava pena de 28 a
30 anos de prisão para o réu e anunciou que vai recorrer para aumentar a
punição.
A sentença
da juíza Marixa Fabiane Lopes Rodrigues foi lida em 19 minutos. Em sua decisão,
ela disse que a personalidade de Bruno "é desvirtuada e foge dos padrões
mínimos de normalidade" e destacou que "o réu tem incutido na sua
personalidade uma total incompreensão dos valores".
A magistrada
afirmou ainda que "a execução do homicídio foi meticulosamente
calculada" e que "Bruno acreditou que, ao sumir com o corpo, a
impunidade seria certa".
Por fim, ela
lembrou que, assassinada, "a vítima [Eliza Samudio] deixou órfão uma
criança de apenas quatro meses de vida".
Para a
Justiça, a ex-amante do jogador foi morta em 10 junho de 2010, em Vespasiano
(MG), após ter sido levada à força do Rio de Janeiro para o sítio do
goleiro em Esmeraldas (MG), onde foi mantida em cárcere privado. A certidão de
óbito foi emitida por determinação judicial. A criança, que foi achada com
desconhecidos em Ribeirão das Neves (MG), hoje vive com a avó em Mato Grosso do
Sul. Um exame de DNA comprovou a paternidade.
A Promotoria
afirma que, além de Bruno e Dayanne, mais sete pessoas participaram dos crimes.
Luiz Henrique Ferreira Romão, o Macarrão, amigo de Bruno, e Fernanda Gomes de
Castro, ex-namorada do atleta,foram condenados no
júri popularrealizado em novembro de 2012.
No dia 22 de
abril, Bola será julgado. Em 15 de maio, enfrentarão júri Elenílson Vitor da
Silva, caseiro do sítio, e Wemerson Marques de Souza, amigo do goleiro. Sérgio
Rosa Sales, primo de Bruno, foi morto a tiros em agosto de 2012. Outro
suspeito, Flávio Caetano Araújo, que chegou a ser indiciado, foi absolvido (saiba quem são os
réus).
Jorge Luiz
Rosa, outro primo do goleiro, que era menor de idade na época da morte, cumpriu
medida socioeducativa por crimes similares a homicídio e sequestro. Atualmente
tem 19 anos e é considerado testemunha-chave do caso.
Veja a
seguir como foi o debate entre o promotor Henry Wagner Vasconcelos de Castro e
os advogados dos réus, na quinta-feira (7), e o que aconteceu nos demais dias
do júri popular: Leia Mais
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