sexta-feira, 8 de março de 2013

Bruno é condenado a 22 anos e pode ter semiaberto em 2017


Condenado a uma pena intermediária por homicídio qualificado, o goleiro Bruno Fernandes de Souza deve cumprir a pena em regime fechado até meados de 2017, quando pode requerer o direito ao benefício do semiaberto --cerca de dois anos depois de Luiz Henrique Romão, o Macarrão, também poder obter o benefício.

Para requerer o regime semiaberto, Bruno deve cumpriri 2/5 da pena para o crime de homicídio (cerca de 6 anos e nove meses). Como já cumpriu quase dois anos e nove meses de pena, Bruno pode requerer o semiaberto em pouco mais de quatro anos. Ou antes, se trabalhar e tiver bom comportamento.

Já Macarrão deve cumprir a pena até meados de 2015 para requerer o direito a trabalhar fora da prisão, retornando à noite.
"Acho que ele deve acabar cumprindo uns três anos e seis meses no fechado", afirma o ex-juiz e criminalista Luiz Flávio Gomes, que considerou que a pena de Bruno foi menor do que o esperado. "Foi, comparando com a de Macarrão. Foi baixa. A Promotoria tem chance de reverter isso no Tribunal de Justiça no julgamento da apelação", afirma.

Segundo ele, um dos motivos para a pena baixa foi que a juíza Marixa Fabiane interpretou as palavras de Bruno como confissão, reduzindo em três anos sua pena total. "Entendo que tecnicamente não foi uma confissão. Isso também pode ser questionado no recurso", completa.

Condenação
O júri popular formado por cinco mulheres e dois homens condenou no início da madrugada desta sexta-feira (23), no Fórum de Contagem, em Minas Gerais, o réu Bruno Fernandes de Souza a 22 anos e 3 meses pelo assassinato e ocultação de cadáver de Eliza Samudio e também pelo sequestro e cárcere privado do filho Bruninho. Dayanne Rodrigues, ex-mulher do jogador, foi absolvida da acusação de sequestro e cárcere privado do bebê.

Bruno foi condenado a 17 anos e 6 meses em regime fechado por homicídio triplamente qualificado (por motivo torpe, asfixia e uso de recurso que dificultou a defesa da vítima), a outros 3 anos e 3 meses em regime aberto por sequestro e cárcere privado e ainda a mais 1 ano e 6 meses por ocultação de cadáver. A pena foi aumentada porque o goleiro foi considerado o mandante do crime, e reduzida pela confissão do jogador.

Eliza desapareceu em 2010 e seu corpo nunca foi achado. Ela tinha 25 anos e era mãe do filho recém-nascido do goleiro Bruno, de quem foi amante. Na época, o jogador era titular do Flamengo e não reconhecia a paternidade.

O advogado Lúcio Adolfo, que representa o atleta, disse que recorrerá da condenação. O promotor Henry Wagner Vasconcelos de Castro afirmou que esperava pena de 28 a 30 anos de prisão para o réu e anunciou que vai recorrer para aumentar a punição.
A sentença da juíza Marixa Fabiane Lopes Rodrigues foi lida em 19 minutos. Em sua decisão, ela disse que a personalidade de Bruno "é desvirtuada e foge dos padrões mínimos de normalidade" e destacou que "o réu tem incutido na sua personalidade uma total incompreensão dos valores".

A magistrada afirmou ainda que "a execução do homicídio foi meticulosamente calculada" e que "Bruno acreditou que, ao sumir com o corpo, a impunidade seria certa".

Por fim, ela lembrou que, assassinada, "a vítima [Eliza Samudio] deixou órfão uma criança de apenas quatro meses de vida".

Para a Justiça, a ex-amante do jogador foi morta em 10 junho de 2010, em Vespasiano (MG), após ter sido levada à força do Rio de Janeiro para o sítio do goleiro em Esmeraldas (MG), onde foi mantida em cárcere privado. A certidão de óbito foi emitida por determinação judicial. A criança, que foi achada com desconhecidos em Ribeirão das Neves (MG), hoje vive com a avó em Mato Grosso do Sul. Um exame de DNA comprovou a paternidade.

A Promotoria afirma que, além de Bruno e Dayanne, mais sete pessoas participaram dos crimes. Luiz Henrique Ferreira Romão, o Macarrão, amigo de Bruno, e Fernanda Gomes de Castro, ex-namorada do atleta,foram condenados no júri popularrealizado em novembro de 2012.

No dia 22 de abril, Bola será julgado. Em 15 de maio, enfrentarão júri Elenílson Vitor da Silva, caseiro do sítio, e Wemerson Marques de Souza, amigo do goleiro. Sérgio Rosa Sales, primo de Bruno, foi morto a tiros em agosto de 2012. Outro suspeito, Flávio Caetano Araújo, que chegou a ser indiciado, foi absolvido (saiba quem são os réus).

Jorge Luiz Rosa, outro primo do goleiro, que era menor de idade na época da morte, cumpriu medida socioeducativa por crimes similares a homicídio e sequestro. Atualmente tem 19 anos e é considerado testemunha-chave do caso.

Veja a seguir como foi o debate entre o promotor Henry Wagner Vasconcelos de Castro e os advogados dos réus, na quinta-feira (7), e o que aconteceu nos demais dias do júri popular: Leia Mais

Nenhum comentário:

Postar um comentário