segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Avião britânico sobrevoará o Acre para estudar queimadas


Um ‘super’ avião de grande porte do Met Office, Serviço Nacional de Meteorologia do Reino Unido, virá ao Acre e a mais 4 estados na região (Amazonas, Mato Grosso, Pará e Rondônia) para estudar queimadas na Amazônia. A aeronave é toda equipada com instrumentos de alta tecnologia. Eles serão utilizados para a investigação dos efeitos que o fogo e os gases decorrentes das queimas (em especial o gás carbônico e o monóxido de carbono) têm na qualidade do ar no Brasil e sobre o processo de mudança climática global.
A aeronave inglesa – um turbo a jato modelo Faam BAE-146, que já é especificamente adotado em outro tipos de estudos ambientais – sobrevoará o céu amazônico durante 21 dias (ou 3 semanas), entre o dia 14 deste mês até 4 de outubro. Este período foi escolhido para o estudo pelos britânicos porque ele é considerado o clímax das queimadas na região denominado de Amazônia Legal. Ao todo, o avião fará mais de 80 horas de voo.
O nome da inédita incursão da aeronave britânica está sendo intitulada de ‘Sambba’, que é uma sigla em inglês para ‘Análise Sul-americana de Queima de Biomassa’ (American Biomass Burning Analysis). Ela contará com 64 cientistas do Brasil e da Inglaterra. Trata-se de uma iniciativa do Met Office, com o aparato das universidades britânicas de Leeds e de Manchester. Em solo brasileiro, o trabalho será coordenado pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), junto com apoio da Universidade de São Paulo (USP).
Segundo a pesquisadora do Inpe, Karla Longo, especialista em química da atmosfera e coordenadora brasileira do ‘Sambba’, a expedição do ‘super’ avião de monitoramento visa aprimorar os modelos de análise de alterações climáticas no planeta, superando deficiências na quantificação das emissões dos gases de queimadas e na chamada ‘cicatrização’ do fogo em tempo real. Tal melhora resultaria no aperfeiçoamento das previsões meteorológicas e da medição da qualidade do ar (que sofrem problemas devido à presença da fumaça).
A partir das informações colhidas pelo avião inglês, Longo explica que será possível ao Inpe construir um modelo capaz de saber quantificar quanto de gás carbônico e de outros gases são liberados durante uma queima na região. Vale destacar que entre os meses de agosto e setembro, as queimas na Amazônia são responsáveis por 90% do gás carbônico que é lançado na atmosfera brasileira. Mudar este cenário exige efeitos jurídicos. Nesse sentido, a pesquisadora diz que é preciso se criar políticas públicas e enrijecer o ‘Braço da Lei’ para punir os queimadores de plantão com todos os aparatos jurídicos.
“A precisão decorrente das medições do avião vai ajudar nisso. Hoje, por exemplo, o Ministério Público do Acre utiliza as informações de queimadas na Amazônia como ferramenta jurídica para combater focos na floresta, proibindo a queima. Quanto mais precisa for essa informações, mais eficiente deverá ser as ações preventivas”, cita ela.
TIAGO MARTINELLO do Jornal Agazeta

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