O
pesquisador meteorológico Davi Friale, que há mais de 25 anos se dedica a
estudar o clima na Amazônia Ocidental, afirma que de acordo com tendências
climáticas meteorológicas, o Acre e toda Amazônia Ocidental podem sofrer uma
seca pior que a de 2006, sendo a mais grave dos últimos 50 anos.
Ele
afirma que as constantes matérias veiculadas na imprensa do mundo inteiro,
noticiando frios intensos, chuvas fortes e prolongadas, secas severas,
inundações, ventanias e outros fenômenos meteorológicos adversos, nos últimos
anos, têm um fator em comum: os registros anteriores a estes eventos remetem a
épocas entre 50 e 70 anos atrás.
 |
Neste domingo (28), o rio Acre está com 3,98 m, o nível mais baixo dos últimos 40 anos/Foto: Marcello Casal Jr |
No
Acre, Brasileia foi praticamente inundada pelo rio que banha a cidade, no ano
passado, e no início deste ano as chuvas registraram, em Rio Branco, recorde
histórico com 132 mm em menos de 12 horas.
Como
exemplos fora do Estado, ele cita as cidades Manaus, Buenos Aires,
Moçambique, Austrália e Jerusalém, que tiveram inundações só presenciadas há
aproximadamente 60 anos; a seca nordestina, que já é comparável à que aconteceu
há 55 anos; e as chuvas que assolaram a Serra do Mar, em São Paulo, e as
cidades de Angra dos Reis e Petrópolis, no Rio de Janeiro, com intensidade
similar às da década de 1950.
Ele
cita, ainda, os registros de frios intensos e foras de época em Jerusalém, na
Rússia, nos Estados Unidos, no México, na Índia e na Europa, semelhantes aos de
60 anos atrás.
De
acordo com o especialista, desde o último dia 14 o Estado foi invadido por uma
intensa massa de ar seco, cujos ventos sopram, moderadamente, desde o sudeste.
Enquanto isso, em Rio Branco e em todo o leste, as chuvas pararam e a umidade
tem caído dia a dia, fazendo também a temperatura baixar.
Porém,
no início de abril, a causa das temperaturas altas e da pouca umidade
atmosférica, registradas no Estado, foi uma forte massa de ar seco,impulsionada
por altas pressões atmosféricas localizadas no centro-norte da Argentina.
Para
a primeira quinzena de maio, se prevê uma forte frente fria que chegará ao
Acre, sendo precedida por outra massa de ar seco, que vai deixar os dias
ensolarados e secos por outro período.
No
Brasil, na primeira quinzena de abril, início do outono, uma intensa massa de
ar polar fez a temperatura ficar negativa. O fenômeno não acontecia há mais de
50 anos.
Ciclo
solar
Friale
explica que o Sol tem diversos ciclos de atividades, com altas,médias ou baixas
emissões de radiação, que influem diretamente no clima do planeta. Por isso,
aproximadamente a cada 60 anos, ocorrem eventos extremos que têm como
conseqüência um maior ou menor aquecimento dos oceanos.
Por
causa do resfriamento global, grandes massas de ar seco estão se formando em
vários pontos do planeta, como conseqüência das chuvas fortes dos últimos
meses, fazendo cair a umidade do ar, em vários lugares.
Entre
elas, está a massa tropical continental, localizada sobre o chaco
paraguaio-argentino, que é alimentada por massas de ar seco de origem polar
austral. Esta massa se espalha pelo corredor de terras baixas, sentido
norte-sul da América do Sul, no qual o Acre está localizado.
Por
outro lado, as altíssimas pressões atmosféricas no continente Antártico, que
tem o ar extremamente seco, se deslocam para o continente sul-americano,
provocando muito vento no sul.
Chegando
à Argentina, essas massas de ar ganham força e tomam rumo em direção à Amazônia
Ocidental, afetando o Acre em cheio, pelo fato do Estado ficar na rota
principal dos ventos de sudeste.
Com informações do site O Tempo Aqui