Cacique Assis Kaxinawá
O
povo indígena Kaxinawá, que se autodenomina Huni Kui (gente verdadeira),
vive
distribuído em diversas regiões do Estado do Acre e no Peru. Atualmente
no Acre os Kaxinawá se encontram distribuídos em 12 (doze) Terras Indígenas localizadas
nos Vales do Purus e Juruá, com uma população de aproximadamente 10 mil Huni Kui
o que nos torna os povos indígenas mais populosos do Estado do Acre. Na
sociedade Kaxinawá, tradicionalmente há uma organização social que gira em
torno de famílias extensas sendo que a liderança e o Pajé, AIS (Agente Indígena
em saúde), AISAN (Agente Indígena em Saneamento Básico), Professor, Parteira, Artesã,
AAFI (agente Agroflorestal Indígenas), os idosos e as idosas as mulheres e as
crianças homens são que conduzem as comunidades.
A Terra
é de uso coletivo e as famílias chefiadas pelos homens, fazem seus roçados
utilizando os espaços disponíveis para o plantio. Nossa cultura é riquíssima e
bastante preservada até hoje, através da nossa língua Hatxa Kui (língua
verdadeira) e das inúmeras cantigas e histórias de nosso povo, além da
tecelagem, miçangas, cerâmica, etc.
Nossas
histórias assim como a de outros povos indígenas desta região, foram marcadas
por um tempo muito difícil com a chegada dos não índios que vieram explorar as
riquezas de nossas terras e nos submeteram os verdadeiros massacres durante as
“correrias”, na época dos seringais.
A
Terra Indígena colônia 27 começou a ser formada no ano de 1972, com a chegada
de três famílias Kaxinawá que vieram de outras regiões do Estado em busca de
melhores condições de vida. O então prefeito de Tarauacá nessa época doou um
pedaço de Terra nas margens do igarapé 27 (chamado de Pinuyá pelos Kaxinawá) e
ali foi fundada a aldeia Pinuyá. Nesta ocasião o local ainda possuía grande
porcentagem de cobertura florestal, mas já havia sido feita a exploração de
todas as madeiras de lei na região pelo próprio prefeito, inclusive no local
que viria a se tornar Terra Indígena.
Após
muitos anos de luta para o reconhecimento da Terra, em 30 de outubro de 1991, a
Terra Indígena colônia 27 foi demarcada e homologada com 105 hectares de
extensão. No ano de 2002, mais 200 hectares foram comprados pelo Excelentíssimo
Governador do Estado do Acre e acrescidos ao território com medida mitigadora,
através do Plano de Mitigação da BR 364. No entanto, essas novas terras são
ocupadas por pastagens, assim como todo o entorno da Terra Indígena. Atualmente,
esta é a menor Terra Indígena do Estado do Acre, com apenas 305 hectares de
extensão, localizada a 5 (cinco) quilômetros e 100 (cem) metros da sede do
município de Tarauacá, na área de impacto direto da BR 364, no trecho que liga
Tarauacá e Cruzeiro do Sul.
A
comunidade conta hoje com 23 casas, 23 famílias e 139 habitantes, o que resulta
numa distribuição de 2,32 hectares por habitantes, uma relação bastante baixa
em se tratado de uma Terra Indígena, que tradicionalmente vive de extração de
recursos naturais e da produção de seus roçados. Possuímos uma Escola com
ensino diferenciado e Bilíngüe de 1° a 4° série. Também temos dois professores
indígenas, AIS (agente de saúde indígena), parteira, pajé, artesã, estudantes, AISAN
(Agente Indígena em Saneamento Básico) e AAFI (Agente Agroflorestal Indígena),
que vem recebendo formação pela (ONG) Comissão Pró-índio do Acre, para atuar na
gestão ambiental, territorial em atividades como: implantação de SAF’s, enriquecimento
dos roçados e quintais tradicionais, fiscalização da Terra indígena colônia 27,
e entorno do plano de uso dos recursos naturais e Educação Ambiental.
Na
base de nossa economia é a agricultura familiares, piscicultura, artesanato,
avicultura e eventualmente todos os 139 habitantes sobrevive diária nessa
pequena terra. O acesso para a Terra Indígena colônia 27, se dá através do Ramal
Epitácio pessoa. São 5 (cinco) quilômetro e 100 (cem) metros de Ramal da BR 364, até chegar a Terra Indígena Colônia 27. A Terra Indígena Colônia 27 tem,
sérios problemas ambientais, esta situada apenas cinco quilômetros e cem metros
da cidade de Tarauacá, esta afetada diretamente na área de impacto do asfaltamento da BR 364, no
trecho que liga Tarauacá a Cruzeiro do Sul.
Os
problemas ambientais começaram antes da chegada dos Kaxinawá (na década de 70),
pois apesar de ainda existir cobertura florestal, havia sido feita a retirada
de toda a madeira de lei da região. Atualmente, 70% da terra indígena são
ocupadas por pastagens e todos os seus entorno é ocupado, por grandes fazendas
de criação de gado, tornando a região extremamente degradada e praticamente sem
nenhuma cobertura florestal. Apenas 30% do território indígena possuem mata
bruta (primária) e a ausência de floresta traz diversas conseqüências negativas
para nos Huni Kui, que vivemos principalmente com problemas relacionados à
segurança alimentar, pois tanto a caça como outros produtos florestais são
escassos. Além disso, a comunidade sofre com a falta de recursos, madeiras de lei, madeira branca, palmeiras etc.. Para
a construção e cobertura das casas.
A
escassez de água era um grave problema, pois não existe nenhum rio dentro da
Terra Indígena, só existe o igarapé Pinuyá, que e a principal fonte de água no
local, não era capaz de abastecer toda a comunidade nos meses de verão tivemos
muito problemas. Por isso, acreditamos que devemos fazer a recuperação da mata
ciliar e das áreas degradadas. Já
resolvemos os problemas de desmatamento, queimada de qualquer jeito e
degradação da Terra Indígena colônia 27. A Terra Indígena 27 possui apenas 305 hectares de
extensão e a pressão sobre os Recursos naturais para a sobrevivência de 26
famílias nesse território são extremamente altos.
O
principal problema que enfrentamos é que 70% da Terra indígena são ocupadas por
pastagens e todo o seu entorno é ocupado por grandes fazendas de criação de
gado, tornando a região extremamente degradada e praticamente sem nenhuma
cobertura florestal. As 200
hectares que foram comprados pelo Governo do Estado em
2002 e acrescido ao território indígena, nós já estamos recuperando quase 50%,
de todas as áreas degradadas com espécies nativas de alto valor de uso pelos
kaxinawá (frutos, palmeiras, madeiras, etc, para construção), servirá de
alimentos e atrativos para a fauna e peixes cultivados em açudes da aldeia 27.
As 305
hectares da Terra Indígena Colônia 27, representa o menor território indígena
do Estado do Acre, estando totalmente cercada por área ambientalmente degradada
especialmente por fazenda. A Terra Indígena colônia 27 esta na área de impacto
da BR 364,
e todas as partes de seu território foram degradadas pela ação dos não-índios. Estes
fatores somados ao aumento da população local têm causado grande pressão sobre
os recursos naturais e dificuldade o sustento das famílias Kaxinawá. Diante das
dificuldades especialmente a reduzida disponibilidades de terras a comunidade
se organizou e tem realizado uma series de atividades para a segurança alimentar,
recuperação das áreas degradadas e enriquecimento ambiental da Terra Indígena. Através
de diversas iniciativas anteriores ao projeto que contaram com várias parcerias,
nos Kaxinawá da colônia 27 implantamos sistemas agro-florestais, construímos açudes,
implementamos piscicultura criação de pequenos animais.
O
projeto de Recuperação de área Degradadas na terra indígena colônia 27,
iniciado pelos Huni Kui apoiado pelo
PDPI (Projetos Demonstrativo dos Povos Indígenas), e executado pela OAKAT27 (Organização dos
Agricultores Kaxinawá na Terra Indígena Colônia 27), esta voltada basicamente
para atividades de gestão e valorização ambiental, através de 52 hectares (2
por famílias) com construção de viveiros, produção de mudas (frutíferas e
Florestal) e a implantação de sistemas agro-florestal contaram com apoio
técnico do Governo do Estado do Acre e da AMAAIAC (Associação dos Agentes Agroflorestal
Indígenas do Acre).
Nos
Kaxinawá da colônia 27 indicamos vários resultados positivos dos projetos de
fortalecimento da articulação entre as famílias da comunidade, grande aumento
das áreas plantadas e da produção agrícola. Aquisição de novos conhecimentos e
divulgação dos trabalhos e como desenvolver uma sustentabilidade melhor da
comunidade Huni Kui da aldeia 27. Nós
Kaxinawá trabalham onde há poucos recursos, mas mesmo assim vivemos felizes,
aproveitando cada pedaço de chão, somos pessoas simples, porém acolhedoras.
Téc. Florestal: Ramalho Martins
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